Os textos desse E-book foram escritos entre os anos de 2020 e 2022, período mundialmente marcado pela pandemia da Covid 19. Pandemia esta, afirmativa de uma crise que denomino crise contemporânea da crítica, sustentada, em parte, pelo movimento a favor da indisciplina intelectual. Nesse contexto, há três discursos aniquiladores, que às vezes são antagonistas e outras agonistas: primeiro é o discurso cientificista da saúde sustentado pela força da indústria farmacêutica que, sob o pretexto de salvar vidas, extermina saberes e pessoas; segundo é o discurso estatal orientado pela pseudo necessidade humana de crescimento econômico e de consumo desenfreado; o terceiro é o discurso publicitário que, sob pseudônimo de jornalismo, transforma tudo em reality show para iludir. Em comum, nenhum desses discursos/verdades aliviou o sofrimento humano durante a respectiva pandemia. Ao contrário, jogaram povo contra povo e alcançaram os seus maiores objetivos: poder e lucro. E eu, cientista e poeta medíocre, pobre ser pensante, desconhecido, longe das mídias e, portanto, inexistente, decidi manter-me vivo transcendendo as frágeis verdades do cientificismo e do negacionismo frente a esta pandemia. Decidi, então, aguçar a leitura das entrelinhas e colocar-me em versos. E assim nasceu entre cruzes e algozes - esperançar com poemas, título que ofereço para reflexão. Semelhante aos meus trabalhos poéticos anteriores, esse também não está comprometido com fins. Porém, há algo importante no meio: a tese de que o estado de saúde requer arte nua tanto quanto ciência, política e economia libertárias. E, parafraseando o poeta Baia, como “tudo que é arte é sem pudor, eu coloco aqui minha alma para fora [...]” (Verso da Música Deus todo poderosos - Baia e Rockboys).